espairecendo



pés úmidos em chãos vazios; dias chuvosos que amargam o céu.

penso num mundo. de um em outro vou fragmentando a existência, elipsando a melancolia tão íngreme.

interpretar com tudo de mim os quês e porquês de cada dia, com um ímpeto que me leva à exaustão.

[até não poder mover mais nada. enferrujar as sinapses, voltar ao limbo da mente infante, com sorte.

pois quando esse dia chegar, não me chame, nem me clame, pois tudo que o lírico busca é o pesar.

não me levante. nem pense em me arrastar. abrace comigo, assim, os olhos pregados e o cansaço]

economizei energia para dissipar. embebedei-me de meias verdades para encontrar no abismo a incerteza.

mas nada buscava: nem mesmo o entorpecer. desejava o nada, pra enfim descansar do tudo que me cerca

[na calma trágica do silêncio celeste respirei meus medos. gélidos e venenosos. suaves, não obstante.

de volta à vida, senti o prazer do sangue em mim a circular. quase como me dando boas vindas;

meu suor me acalentava com seu toque imerso... por um instante, me senti em casa novamente.

nem me lembro quando parti. será que já estive mesmo aqui? pode ser projeção. fantasia, pra variar]

e assim me despeço dos devaneios vãos que circulam meu viver;

de mim, não dá pra correr. mas vou caminhar

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