entre o egoísmo e a autodestruição

eu escolhi a dor. desde cedo, quando perguntam, do micro ao macro, eu me deixo de lado. quero agradar. mas o querer também é sina: a vontade, o desejo, os alimentos preferidos do Ego. fujo em busca da discrepância. mas, se vejo resposta ao meu suado empenho, não dou conta de aceitar. ser bondoso não entra no meu currículo; eu não quero esse trabalho. mas almejo todos os benefícios que esse salário fornece. procuro o prazer do amor da vida. não escolhi, afinal, existir. estou apenas vagando disperso nessa jornada. cruzo alguns caminhos, e minha complexidade aumenta cada vez mais. eu gosto da adrenalina - sentir a atração, o desejo; carinho direcionado só pra você. talvez eu entenda, sim. só que o egoísmo está enraizado em mim... o instinto selvagem de querer sobreviver, se sobrepor, usufruir dos recursos. o olhar inocente de uma criança que não vê o mal ou o bem; tudo só é. sem mais. e tudo é você, pois sua ótica é natural e biológica. sinto falta disso...

hoje me olho no espelho e não consigo me enxergar com a mesma pureza. as lentes quebradas, incontáveis e inevitáveis lentes, amaldiçoam minha visão. camada por camada, me analiso minunciosamente até não poder ver mais nada. chego perto o suficiente pro olho embaçar. me falta algo que eu mesmo perdi. me abdiquei do pecado que me mantém vivo e independente. abri mão de mim. quase como na mira de um revólver, reluto ao me priorizar. minto pra mim, mas só do jeito errado.

eu quero viver..! quero dançar. com todo e cada par, até meus pés doerem. e então me deliciar com a dor de ser viva - a única que nos mantém marinados na ira agridoce da entropia.                  tenho muitos desejos... isso me faz transbordar. fazer de tudo significa não se dedicar tanto a coisa alguma. tenho diversos pensamentos. eu gosto de ser eu, mas que caminho complicado de seguir. não quero uma história fácil, isso já deu pra notar, mas não é justo tornar tudo tão difícil. pra ninguém.

(eu gosto de gostar - intensamente é o meu jeito de sentir. tudo é tanto! fica até demais pra digerir. mas chegar ao meu limite também pode ser gostoso [como numa boa f*da, me sentir tão bem que meu corpo para de funcionar]... só que não há só flores em um jardim. o medo profundo, a angústia do mundo, o pesar de estar aqui. é tanto tanto... que já me perdi.)

entro em contradição facilmente, todos podem ver minhas cores (e não sou bom em mascarar). sou nítido ao alheio. assim como qualquer humano. mas aí mora a pegadinha: não quero ser como qualquer um. me impressiono fácil, mas acredito no meu senso crítico. sei quem é e quem não é. o que eu busco em mim é tudo de belo que eu amo. quase como uma coletânea viva com o repertório cultural que me define como eu. só não aceito nenhum defeito; nada é bem vindo, mesmo que seja natural dado os parâmetros que tento seguir. me cobro como uma máquina

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