uma página a mais

 o engraçado é que eu tento mesmo. é pouco, mas é de verdade. se eu morresse hoje e alguém entrasse nas minhas notas digitais, nos meus cadernos e conversas comigo mesma, essa pessoa não teria dificuldade em perceber isso. mesmo assim, é meio estranho pensar nisso.

não sei qual minha opinião sobre privacidade. conforme eu fui crescendo, coisas e rituais começaram a surgir pra eu guardar pra mim. pensamentos, sentimentos, ações... todo mundo precisa dessa barreira, não sei bem o porquê, mas é o que é, e tudo bem. sinto que é como se eu ficasse em carne viva, exposta a atmosfera, quando alguém mergulha muito fundo em quem eu sou. não é nem por medo dos agentes de fora causarem algum mal, uma infecção, sei lá. só arde. tem coisas que precisam ficar guardadinhas, protegidas por outras camadas menos sensíveis.

ainda assim, essa coisa básica humana me faz questionar minha honestidade. quase entro em uma crise de identidade se pensar muito nisso kkkkskjfkjd... porque, bem, se existe algo que eu não mostro pros outros, algo que também sou eu, isso não me classifica como uma mentirosa? claro que tem aquele negócio de comportamentos diferentes de acordo com o contexto social e tudo mais, só que o buraco é mais embaixo do que isso pra mim. tenho verdadeiro pavor em mostrar certa parte de mim pra quem eu amo. medo de ser rejeitada, desprezada, e o pior de tudo: medo de decepcionar.

talvez eu tenha certos sentidos mais desenvolvidos do que outros, e tudo assim, desnivelado. tipo os atributos de um rpg, acho. aí fica um pouco mais difícil construir opiniões e julgamentos... não tenho nenhum tipo de neutralidade pura. sofro com o tóxico do meu ego e do meu reflexo mártir. viver é confuso

Comentários

Postagens mais visitadas